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A ABCripto é uma entidade brasileira fundada em 2018 com o objetivo de unir empresas do ecossistema dos criptoativos e blockchain para a interlocução com o poder público, além de executar ações em prol do desenvolvimento tecnológico e da inovação – uma das principais características do setor da criptoeconomia.
O convidado do episódio #105 do podcast Talkenização é o Bernardo Srur, presidente e um dos fundadores da ABCripto, que falou sobre o papel da associação no mercado financeiro.
Quem é a ABCripto e qual o papel da associação?
Em 2018 foi o primeiro boom do mercado cripto, mas ainda era um mercado em formação. Um dos primeiros problemas que emergiu foi separar quem estava trabalhando de maneira séria e quem queria se aproveitar das pessoas. Um dos intuitos da associação é justamente proteger os investidores e as empresas sérias. A ABCripto é uma entidade entre poder público, poder privado e pessoas comuns (investidores) e leigos.
Ela é uma entidade sem fins lucrativos, em que tudo o que é arrecadado de receita é revertido para a sociedade (cursos, eventos, seminários, educação, manuais), com o objetivo de iluminar este setor importantíssimo e ajudar a organizar e desenvolver a criptoeconomia no país.
Quais os principais objetivos da ABCripto?
Divididos em três blocos de atuação, a associação se organiza da seguinte forma:
1) Políticas: discussões sobre políticas públicas e privadas, respondem consultas públicas, trazem informações e dados para as entidades tomarem suas decisões, sempre extremamente fundamentado tecnicamente. O mercado, no entanto, precisa também fazer a sua parte e demonstrar não apenas que é capaz de cumprir, mas que é maduro o suficiente para agir antes que uma força maior como uma regulação se imponha
2) Dados e informações precisas do setor: grande parte da energia da associação é focada em pesquisas, documentos, publicações, dados e indicadores para poder guiar as decisões da associação, para poder entender como o mercado funciona e para desenvolver políticas públicas e privadas.
3) Cultura e educação muito forte voltada à criptoeconomia: cursos, ações educacionais, parcerias, atividades educacionais para educar as pessoas sobre este universo. Incluindo parceria com a CVM na contribuição da educação financeira na grade curricular para adolescentes.
Como a ABCripto enxerga o mercado atual?
O mercado vem se estruturando no decorrer dos anos. Nos últimos anos tivemos a criação de novos produtos e serviços. Até 2018 era mais latente a negociação apenas de Bitcoin e Ether. Em 2019 em diante começa a ter novos players, novos tipos de tecnologia, tokenizadoras e novas formas de investir para a população.
Neste momento temos um setor que começa a ser pluralizado como negócio, novas entradas como instituições financeiras. O Brasil começa a se tornar extremamente atrativo para o capital estrangeiro, gerando renda e empregos.
Este ano de 2024 é extremamente importante com a aprovação dos ETFs nos EUA representando uma legitimação da criptoeconomia. Agora, cripto de uma forma geral participa do mesmo jogo que os demais players mais consolidados e tradicionais.
Há muito tempo o mercado cripto trazia muito potencial, mas de forma paralela ao mercado financeiro. Então essa fusão era inevitável, mas não sabíamos em que momento aconteceria. Com a revisão de políticas monetárias internacionais olhando as práticas de juros, começa a se discutir se vamos para uma recessão na prática de juros ou não. Acredito em uma perspectiva macroeconômica positiva este ano.
Criptoeconomia nos EUA e seus impactos mundiais
Em meados de 2024 teremos o halving do bitcoin reduzindo essa recompensa aos mineradores, o que significa mais escassez, mais valor que espera-se ser revertido em seu preço, do ponto de vista econômico.
Temos o ponto de vista regulatório também que está avançando muito aqui no Brasil e nos EUA. Nos últimos anos tínhamos visto uma tentativa de frear a economia cripto, mas hoje em dia é um dos mercados que mais cresce no mundo. Com a aprovação do ETF nos EUA significa que eles não vão frear, o que passa uma mensagem positiva regulatória e começa a retomar os debates regulatórios por lá.
Mas no Brasil a discussão está bem quente, o país desponta em termos de segurança jurídica, o que é bom para a América Latina. O Brasil está muito na frente no que diz respeito à legitimidade jurídica desse setor em um ano de avanço regulatório, com regulação da CVM sendo desenvolvida, o país desponta em termos de segurança jurídica, passando mais confiança para cada vez mais pessoas entrarem no mercado.
O que significa regulamentar a criptoeconomia?
Segurança para todos. Vão além de são apenas processos de legitimação, caso qualquer agente tenha problema ele tem a quem recorrer e fazer valer a regra imposta. Caso qualquer investidor ou empresa tenha um problema, eles têm a quem recorrer para solucionar este caso com a existência de uma regulação a qual recorrer para fazer valer o seu dano.
As pessoas confundem muito regulamentação como sufocamento, mas lembremos que todas as discussões no Brasil estão sendo muito produtivas e colaborativas. Os reguladores estão muito interessados em ver o potencial deste mercado.
Regulação não é sufocamento. Existe uma vontade das autoridades de serem produtivas para ajudar e não sufocar. O mercado de capitais tem 3% da população brasileira, o mercado cripto tem 6% da população. É mais simples, mais ágil, é um mercado de inclusão, mais acessível. Assim, temos uma nova economia inclusiva que é vista com olhar positivo pelas instituições reguladoras no Brasil.
Crypto as a Service e a adesão do mercado às criptomoedas
É uma tendência cripto estar mais acessível para todos, como o Crypto as a Service para bancos e instituições financeiras. O mercado entende que será cada vez mais rápida a adoção de criptoativos por agentes regulados como bancos, instituições de crédito, de pagamento, corretoras. Com empresas experientes, como a Liqi, oferecendo soluções prontas como a Liqi Crypto, essas empresas financeiras não precisam buscar inventar a roda, e sim parceiros que fazem esse serviço para o mercado.
Outro ponto é não apenas aderir criptomoedas, mas internalizar a blockchain nas operações, como a tokenização que proporciona maior rentabilidade que o mercado de capitais e elimina intermediários.
A grande possibilidade é que esses ativos restritos a um certo grupo de alto poder financeiro, com a tokenização, sejam fracionados gerando mais acessibilidade e democratização ao acesso ao investimento.
Tokenização de ativos e a modernização do ecossistema financeiro
Com a evolução disso tudo, as pessoas vão ter acesso a tokens que representam ativos. A rentabilidade do Brasil é uma das maiores, então a possibilidade de se beneficiar como nação na tração da negociação desses ativos é gigantesca.
O pix alcança cerca de 55% da população, proporcional ao alcance do mercado digital. Vamos supor que a criptoeconomia pode estar disponível para esse percentual. De 6% para 55% é uma expansão muito grande. Então vai existir uma competição saudável no mercado para alcançar a população que também não está inserida na economia. Afinal, você precisa estar conectado à internet, entre outras diversas questões, que excluem ainda grande parte da população. Com a criptoencomia existem facilidades para driblar esses bloqueios e acessar esses 45% da população hoje fora do mercado digital.
Principais desafios da criptoeconomia no Brasil
É uma nova economia digital que propõe a reformulação do sistema financeiro como todo.
Os principais desafios são a aceitabilidade e utilização, quebrar barreiras e unir mercados, adaptações regulatórias em sistemas tradicionais conservadores e antigos, que não é rápido e fácil. A reforma tributária é apenas um pedaço e é extremamente complexa, imagina a reforma de todo um sistema. Mas existe um ambiente propício, com o Banco Central e a CVM apoiando.
O Brasil fez o dever de casa de estar nessa posição privilegiada, poucas vezes estivemos a frente e liderando processos como com a criptoeconomia atualmente. Possibilidade de continuar na liderança, justamente graças às empresas, junto a sociedade, autoridade e poder público que vem trabalhando de forma cooperativa.
Como a ABCripto ajuda empresas e pessoas no mercado cripto?
A associação ajuda colocando em prática os três pilares previamente mencionados. E ressalta a diferença entre valor e preço. O valor do mercado está cada vez mais sendo provado e valorizado. Agora quando o preço vai acompanhar o valor não temos como saber. Ser um mercado de alto valor não quer dizer que vai ser um mercado de altos preços.
Invista naquilo que você conhece. Só entende o valor e se vale a pena investir se você procura entender, busca informação, procura entender se é volátil e como funciona o mercado. No caso da tokenização de ativos, não tem volatilidade por estar lastreado em ativos reais, no caso de criptomoedas existe a volatilidade.
Faça um teste, experimente antes de investir grandes quantidades, faça um test drive para conhecer o mercado antes de correr grandes riscos. Desconfie de promessas milagrosas, elas não existem. A intenção dos investimentos é garantir que você tenha uma correção, que o seu patrimônio não desvalorize, e não garantir que você fique milionário com ativos.
A criptoeconomia permite a diversificação e a exposição a novas oportunidades começando com pouco dinheiro. Investimento é uma cultura de preservar o seu patrimônio.
Ok escolhi o ativo, o mercado… qual empresa coloco? Escolha empresas instituídas no Brasil para ter a quem recorrer, associados da ABCripto, como a Liqi, que são submetidos a autorregulação da instituição, passam uma segurança maior.
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