Como funcionam operações de tokenização dolarizadas e lastreada em ativos internacionais?
calendar_month 10/12/2025
Quando falamos de tokenização em dólar, notamos que a tokenização deixou de ser apenas uma tendência para se tornar uma das tecnologias mais promissoras para quem busca diversificar investimentos.
A possibilidade de acessar ativos antes restritos aos grandes players do mercado abriu uma nova fronteira para investidores brasileiros, especialmente agora que o mercado passa a contar também com a tokenização lastreada em ativos internacionais.
O episódio 168 do podcast do Talkenização trouxe uma discussão profunda sobre esse novo modelo, destacando como investimentos lastreados em ativos internacionais estão se tornando acessíveis, eficientes e seguros.
Neste artigo você vai encontrar tudo o que precisa saber sobre o funcionamento dessas operações, qual é a vantagem real de investir dessa forma e por que esse movimento pode redefinir o mercado de investimentos no Brasil.
Por que a tokenização em dólar se tornou tão relevante agora?
A economia brasileira é marcada por volatilidade cambial e observa movimentações frequentes do dólar.
Em um cenário em que o real frequentemente perde valor frente à moeda estadunidense, investidores buscam maneiras de proteger seu patrimônio com ativos em moeda forte.
O problema é que, historicamente, investir em dólar sempre foi caro, burocrático e inacessível para a maior parte das pessoas físicas.
A tokenização lastreada em ativos internacionais muda completamente esse jogo.
Pela primeira vez, o investidor brasileiro pode acessar ativos reais nos Estados Unidos, como carteiras de crédito, títulos de dívida, operações imobiliárias ou estruturas corporativas.
E isso sem precisar abrir conta no exterior, entender regulações estrangeiras ou pagar tarifas elevadas de remessa internacional.
A tokenização permite transformar ativos estrangeiros em tokens digitais amparados juridicamente, enquanto o uso de stablecoins como USDC possibilita transferências rápidas, baratas e totalmente rastreáveis entre Brasil e EUA.
Em resumo, a tokenização faz com que o investimento em dólar se torne simples, rápido e, principalmente, acessível.
Como funciona uma operação de investimento em dólar via tokenização?
Para entender o modelo, vale olhar para a estrutura que já está em operação na plataforma da Liqi.
A lógica é simples na superfície, mas extremamente robusta na engenharia financeira:
- O investidor aporta reais diretamente pela plataforma.
- Esses reais são convertidos em stablecoin (USDC), eliminando custos elevados e prazos longos de remessas internacionais tradicionais.
- A stablecoin é enviada para uma estrutura nos Estados Unidos, que utiliza esses recursos para comprar um ativo real.
- Os pagamentos provenientes dessa carteira são devolvidos em dólar, novamente na forma de stablecoin, para a carteira do investidor no Brasil.
- O investidor decide quando converter para reais, mantendo a autonomia cambial total.
Esse mecanismo tem três grandes impactos:
- O investidor acessa um ativo real internacional, com remuneração superior à média de juros dos EUA.
- O retorno chega em dólar, preservando o poder de compra em moeda forte.
- A decisão de conversão para reais é totalmente livre, permitindo esperar um momento mais favorável do câmbio.
Na prática, trata-se de um produto que une rendimento em dólar e hedge cambial opcional, algo até então inexistente para investidores comuns no mercado brasileiro.
Como esse modelo de tokenização protege o investidor da variação cambial imediata?
A maior fragilidade de produtos dolarizados tradicionais é o impacto instantâneo do câmbio. Quando você compra dólar (ou uma stablecoin) e só isso, o seu ganho ou prejuízo está 100% atrelado à oscilação da moeda.
Mas quando você investe em um token lastreado em ativo real em dólar, duas variáveis entram em ação:
- O rendimento do ativo, que funciona como um colchão contra a volatilidade.
- A autonomia de quando converter, que impede perdas imediatas causadas por movimentos de curto prazo.
Isso significa que, mesmo que o dólar caia, o investidor não é obrigado a converter naquele momento. Ele pode manter o valor em stablecoin na carteira, esperando uma recuperação ou decidindo reinvestir.
Esse é o principal diferencial técnico e estratégico desse modelo: a variação cambial deixa de ser uma ameaça inevitável e passa a ser administrada pelo próprio investidor.
Já falamos deste assunto no Talkenização e vale a pena conferir o episódio sobre como a blockchain e as stablecoins estão transformando o mercado de câmbio e o comércio exterior.
Segurança jurídica: como funciona quando o lastro está fora do Brasil
A segurança jurídica é um dos pontos centrais das operações de tokenização lastreadas em ativos internacionais, porque elas envolvem simultaneamente o arcabouço regulatório brasileiro e a legislação americana.
No Brasil, toda a captação ocorre dentro das regras da Resolução CVM 88, que define a forma como ofertas públicas podem ser realizadas, estabelece mecanismos de proteção ao investidor e determina que os recursos sejam alocados em um patrimônio separado, impossibilitando qualquer utilização inadequada desses valores.
Paralelamente, a estrutura que opera nos Estados Unidos costuma ser constituída em uma jurisdição amplamente reconhecida pela estabilidade regulatória, pela previsibilidade jurídica e pelo uso de instrumentos de dívida sofisticados e padronizados no mercado internacional.
A relação entre as duas pontas é fiscalizada por um agente fiduciário independente, que acompanha a execução das obrigações, monitora o cumprimento dos contratos e atua exclusivamente em defesa dos interesses dos investidores.
Além das camadas jurídicas brasileiras e americanas, a governança é reforçada por smart contracts que integram o protocolo TIDC, responsáveis por automatizar o fluxo financeiro, registrar movimentações, aplicar regras de juros, prazos e amortizações, e assegurar que o comportamento do token siga estritamente o que foi definido nos documentos jurídicos.
Essa combinação de regulação formal, governança tecnológica e fiscalização independente cria uma estrutura robusta e blindada, que entrega ao investidor um nível de segurança equivalente ao das operações tradicionais do mercado de capitais, mas com transparência, rastreabilidade e eficiência ampliadas pela blockchain.
O papel do TIDC na tokenização em dólar: automação, rastreabilidade e governança
O TIDC, protocolo utilizado nas operações, funciona como o “cérebro” responsável por administrar todas as regras e obrigações da operação. Ele garante:
- Execução automática de pagamentos, prazos e juros;
- Registro transparente das movimentações;
- Regras imutáveis estabelecidas no momento da oferta;
- Redução significativa de custos operacionais;
- Coerência entre o contrato jurídico e o comportamento do token.
Em vez de equipes inteiras monitorando prazos, cálculos e cronogramas, o protocolo une segurança regulatória e automação, duas das maiores potências da tokenização.
Quais ativos internacionais podem servir como lastro para a tokenização em dólar?
O mercado americano oferece uma variedade ampla de ativos capazes de funcionar como lastro para operações de tokenização dolarizadas, e muitos deles devem ganhar espaço nos próximos meses à medida que a tecnologia avança e a estrutura jurídica se consolida.
Títulos corporativos internacionais
Entre os mais promissores estão os títulos corporativos internacionais, conhecidos como bonds, que são instrumentos de dívida emitidos por grandes empresas globais e funcionam como uma forma de captação de recursos no mercado externo.
Esses títulos costumam ter prazos definidos, pagamentos periódicos de juros e níveis de risco variados; no caso de companhias estatais ou de grande relevância econômica, podem oferecer estabilidade semelhante à de gigantes do setor energético ou de infraestrutura.
Energia renovável nos EUA
Outro segmento que tende a crescer é o de energia renovável nos Estados Unidos, especialmente operações vinculadas à construção, expansão ou financiamento de usinas solares.
Esse tipo de ativo representa projetos reais, com receitas previsíveis e contratos de longo prazo, refletindo um mercado em franca expansão impulsionado tanto por demanda privada quanto por incentivos governamentais para descarbonização.
Real estate
O real estate estadunidense também desponta como uma das teses mais atrativas.
O setor imobiliário dos EUA é extremamente desenvolvido, composto por propriedades comerciais e residenciais que geram fluxos constantes de aluguel.
Investimentos profissionais desse tipo, antes restritos a grandes investidores e family offices, passam a ser acessíveis via tokenização, permitindo que pequenos investidores participem de operações sofisticadas com lastro em imóveis de alta qualidade.
Fundos imobiliários internacionais
Por fim, há os fundos imobiliários internacionais, estruturas que reúnem diversos ativos imobiliários ou financeiros sob gestão profissional.
No mercado americano, esses fundos exigem aportes expressivos e têm regras complexas de entrada.
Com a tokenização, cotas que antes exigiam um investimento mínimo de centenas de milhares de dólares podem ser fracionadas digitalmente, transformando-se em tokens acessíveis a qualquer investidor brasileiro.
O mercado dos Estados Unidos é vasto e extremamente criativo em estruturas de dívida e investimento. A tokenização funciona como a ponte que permite trazer esses ativos ao Brasil de forma acessível e regulada.
Um novo capítulo para o investidor brasileiro com a tokenização lastreada em ativos internacionais
A combinação entre blockchain, tokenização e stablecoins marca um ponto de virada no acesso do brasileiro aos investimentos internacionais.
Pela primeira vez, barreiras antes intransponíveis, como fronteiras regulatórias, altos aportes mínimos, custos de remessa e burocracia, deixam de ser obstáculos, dando lugar a uma infraestrutura que permite investir em dólar de forma simples, segura e acessível.
Ativos tradicionalmente reservados a grandes players passam a estar disponíveis com valores simbólicos, graças à fracionalização e à eficiência tecnológica da blockchain.
Essa democratização é reforçada pelo uso de stablecoins, que tornam o fluxo financeiro internacional praticamente instantâneo, e por uma arquitetura jurídica que garante proteção ao investidor, alinhando transparência, governança e rastreabilidade.
Mais do que uma inovação pontual, esse modelo inaugura um novo padrão para investimentos globais.
Da mesma forma que o Pix transformou a experiência bancária sem exigir que o usuário entendesse sua estrutura técnica, a tokenização tende a se tornar um mecanismo natural do mercado, integrando ativos reais à infraestrutura digital com liquidação rápida, custos menores, redução de intermediários e segurança ampliada.
O resultado é um sistema em que investir no exterior deixa de ser privilégio e se torna possibilidade concreta para qualquer pessoa que queira diversificar riscos, dolarizar parte do patrimônio e acessar oportunidades antes inacessíveis.
O Brasil emerge como protagonista nessa transformação e os investidores que se anteciparem a esse movimento estarão um passo à frente na construção de portfólios mais fortes, modernos e preparados para o futuro.
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